Conheça a ex-miss que se tornou embaixadora da Copa da Rússia

Victoria Lopyreva, que nasceu na sede da estreia do Brasil, está no Rio para divulgar o Mundial

POR BERNARDO MELLO E IGOR SIQUEIRA 15/02/2018 19:16

Victoria Lopyreva é a embaixadora da Rússia para a Copa do Mundo - Marcelo Carnaval / Agência O Globo

"O futebol me escolheu" diz Victoria Lopyreva, 34 anos, que roda o mundo levando consigo uma credencial especial: ela é a embaixadora da Copa do Mundo da Rússia.

Divertida e de sorriso amplo, a atriz e modelo russa assumiu um papel habitualmente dado a jogadores e jogadoras: só no Brasil, em 2014, eram seis, com Marta, Ronaldo, Bebeto, Amarildo e Zagallo.

Em 2018, ela divide a tarefa com o ex-jogador soviético da Copa de 1958, Nikita Symonian, de 91 anos. Nada mal para uma moça que completou sete anos de piano clássico, mas não se deu bem nos esportes: tentou tênis e basquete, mas não deu certo devido ao pulso, muito fino. Na ginástica, a altura (1,77m) parecia excessiva. Até que chegou aos programas esportivos, credenciada pelo título de Miss Rússia 2003 e atuações na TV, onde foi pioneira.

- Quando eu fui convidada para apresentar algo sobre futebol, fiquei pensando: "O quê? Futebol?". E naquela época, futebol era só para homens. Perguntavam: "Quem é essa loira?" "Por que ela está falando de futebol? Ela não entende nada, tira ela da TV". Mas, ao mesmo tempo, os números foram extremamente altos. Atraímos muita audiência. Agora, fico feliz porque as mulheres na Rússia também estão interessadas no futebol. E eu fui a primeira.

De visita ao Rio após chegar de Buenos Aires, a modelo e apresentadora visitou O GLOBO na Quarta-Feira de Cinzas. Assistiu um pouco da apuração das escolas de samba e perguntou como fazem para julgar os desfiles. Curiosa, Lopyreva perguntou sobre o uso dos estádios brasileiros e como o Mundial afetou a economia. A curiosidade sobre o país vem de longa data.

- Como embaixadora da Fifa, uma pessoa que representa o meu país e que está orgulhosa de receber a Copa, decidi que eu tinha de ir ao Brasil, porque é a Meca do futebol - afirma ela, que infelizmente não veio ao Brasil para a Copa. - Meu ex-marido (Fyodor Smolov, atacante do Krasnodar) estava lesionado e não foi convocado. Aí ele disse que, se ele não vinha, eu tampouco viria - conta, aos risos. - E eu estava em forma!

Assim como o país-sede da Copa, a luta para se desvencilhar de estereótipos e pré-julgamentos.

- Primeiramente, eu acho que é uma ótima ideia ter uma mulher como embaixadora da Copa (risos). É uma honra e um grande privilégio representar o meu país. A Rússia é enorme, e, para mim, é triste algumas vezes quando viajo e as pessoas não sabem o que está acontecendo lá dentro. Só pensam nos ursos brancos e na vodca. E temos muitas coisas a compartilhar. É muito bom que tenhamos 11 cidades, porque dá a possibilidade de que as pessoas explorem a Rússia, conheçam diferentes culturas. Rostov, São Petersburgo e Kazan tem diferentes culturas, mentalidades, comidas, paisagens. É muito interessante. Realmente quero que as pessoas conheçam meu país - comentou, elogiando também a segurança que os torcedores encontrarão lá.

- Ainda não é um país totalmente conhecido, mas acredito que a Copa vá mudar essa situação. É legal que exista essa possibilidade enorme de intercâmbio cultural e fazer novos amigos. Alguns talvez façam até novas famílias - brincou a loira.

NASCIDA NO PALCO DA ESTREIA

Victoria tem um motivo de cunho pessoal para aguardar com ansiedade a chegada da Copa do Mundo. Na cidade na qual ela nasceu, Rostov-do-Don, que a Seleção Brasileira fará a estreia no Mundial, dia 17 de junho, contra a Suíça.

- A primeira coisa que eu pensei foi: "Uau, somos sortudos". Porque antes do sorteio, quando ninguém sabia onde jogaria, todas as cidades estavam pensando em que time receberiam. E quando percebemos que o Brasil jogaria em Rostov, acho que o interesse no futebol aumentou. Porque todos querem ver Neymar.

Segundo a Miss Rússia de 2003, os torcedores brasileiros vão se entusiasmar muito com a galera da cidade.

- Primeiro, dizem que as mulheres mais bonitas são de Rostov. Acho que é a principal dica (risos). Mas não é por minha causa. É uma questão histórica. Há muitas nacionalidades na minha cidade. A Ucrânia não é longe, o norte do Cáucaso também não. Temos gregos, georgianos, tadjiques, muitas nacionalidades. Quando você tem muitas nacionalidades, o resultado é pessoas mais bonitas - comentou ela.

Indagada sobre semelhanças entre brasileiros e russos, Lopyreva diz que são povos parecidos em termos de mentalidade, mas aposta que Rostov agradará em especial:

- Minha cidade natal é um pouco diferente do resto da Rússia. Somos mais amigáveis, mais sorridentes, e eu acredito que o motivo seja o sol. Nossa percepção é que os brasileiros também são amigáveis, simpáticos, sorridentes, e eu acredito que os brasileiros terão uma ótima experiência na minha cidade, e no meu país em geral.

FÉ NA CLASSIFICAÇÃO RUSSA

Por ter sido casada com um integrante da seleção russa, Viktoria conhece bem os bastidores do futebol local. Por conta disso, tem certa autoridade para analisar a equipe anfitriã. E faz até uma projeção relativamente otimista de que a Rússia - cujos concorrentes no Grupo A são Uruguai, Egito e Arábia Saudita - chegará às oitavas de final, algo inédito desde o fim da União Soviética.

- Eu diria que os jogadores têm um sentimento patriótico, de que a Copa está vindo e que é uma coisa enorme. A questão da habilidade técnica é o maior problema dos jogadores que atuam na Rússia. Quando você tem estrelas jogando fora do país, essas pessoas ajudam muito. Todos os nossos jogadores estão jogando na Rússia. Mas talvez, como vamos torcer por eles, talvez possam ir mais longe. Minha previsão é que eles vão passar da fase de grupos, definitivamente vão passar - apostou.

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