ESPECIAL-Ivanka Trump e o brasileiro fugitivo do Panamá

17/11/2017

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Reuters 


Ned Parker, Stephen Grey, Stefanie Eschenbacher, RomanAnin, Brad Brooks e Christine Murray


Reuters 17 de novembro de 2017


Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com filha Ivanka Trump, na Casa Branca, em Washington 13/06/2017 REUTERS/Carlos Barria


CIDADE DO PANAMÁ/TORONTO, 17 Nov (Reuters) - Na primavera de 2007, um grupo de estrangeiros, a maioria da Rússia, chegou ao aeroporto da Cidade do Panamá e foi recebido por um chofer que os levou em um Cadillac branco com o logotipo de Donald Trump na lateral.


A limusine pertencia a uma empresa administrada pelo ex-vendedor de automóveis brasileiro Alexandre Ventura Nogueira, que oferecia aos visitantes a chance de investir no mais recente projeto de Trump -- uma torre de 70 andares chamada Trump Ocean Club International Hotel and Tower. Tratava-se do primeiro empreendimento hoteleiro internacional do futuro presidente dos Estados Unidos, um complexo que incluiria apartamentos residenciais e um cassino em um edifício à beira-mar na forma de uma vela de barco.


"O senhor Nogueira era um jovem extrovertido e animado", disse Justine Pasek, que foi coroada Miss Universo por Donald Trump em 2002, e em 2007 atuava como porta-voz da empresa de Nogueira, a Homes Real Estate Investment & Services. "Todos ficaram muito impressionados com a Homes, porque parecia estar na crista da onda do boom imobiliário na época", disse.


Uma das pessoas que Nogueira procurou impressionar foi Ivanka, uma das filhas de Trump. Em uma entrevista à Reuters, Nogueira contou que se encontrou e conversou com Ivanka "muitas vezes" quando ela cuidava do envolvimento da Organização Trump no empreendimento panamenho. "Ela se lembraria de mim", disse.


Ivanka ficou tão convencida de seu talento para as vendas, disse Nogueira, que o ajudou a se tornar um corretor de destaque para o empreendimento, e ele apareceu em um vídeo ao seu lado divulgando o projeto.


Uma investigação da Reuters sobre o financiamento do Trump Ocean Club descobriu que Nogueira foi responsável por entre um terço e metade da pré-venda do projeto. Também revelou que ele fez negócios com um colombiano que mais tarde foi condenado por lavagem de dinheiro e hoje está detido nos EUA; um investidor russo do projeto de Trump que foi preso em Israel nos anos 1990 por sequestro e ameaças de morte; e um investidor ucraniano preso por suposto tráfico de pessoas quando trabalhava com Nogueira e mais tarde condenado por um tribunal de Kiev.


Três anos depois de se envolver com o Trump Ocean Club, Nogueira foi preso pelas autoridades panamenhas acusado de fraude e falsificação não relacionadas ao projeto de Trump. Libertado mediante uma fiança de 1,4 milhão de dólares, ele fugiu do país mais tarde.


Deixou para trás uma série de pessoas que alegam que ele as enganou, inclusive a respeito de apartamentos do projeto de Trump, o que resultou em ao menos quatro casos criminais que oito anos depois ainda aguardam julgamento.


Nogueira, de 43 anos, nascido no Recife, nega as acusações e disse à Reuters em um email: "Não sou nenhum santo, mas também não sou o diabo".


Ivanka Trump não quis comentar seus negócios com Nogueira. Um porta-voz da Casa Branca encaminhou as perguntas à Organização Trump. Alan Garten, principal autoridade jurídica da entidade, disse: "Ninguém da Organização Trump, incluindo a família Trump, tem qualquer lembrança de ter conhecido ou conversado com este indivíduo".


Trump colocou seu nome no empreendimento e previa lucrar mais de 75 milhões de dólares com ele, de acordo com um prospecto de título do projeto. Ele não exerceu controle gerencial sobre a construção e não esteve sujeito a nenhuma obrigação legal direta de realizar a devida verificação de outras pessoas envolvidas.


Mas alguns especialistas legais dizem que o episódio desperta dúvidas sobre as medidas que Trump adotou para verificar a fonte de qualquer lucro vindo do local. Arthur Middlemiss, ex-procurador-geral-assistente de Manhattan e ex-diretor do programa global anticorrupção do J.P. Morgan, disse que, como o Panamá era "visto como altamente corrupto", qualquer pessoa fazendo negócios no país deveria realizar a devida verificação de outros participantes de seus empreendimentos. Se não o fizessem, disse, havia um risco em potencial de a lei dos EUA os responsabilizar por fazerem vista grossa a irregularidades.


Jimmy Gurule, professor de Direito da Universidade de Notre Dame, em Indiana, e ex-subsecretário de aplicação da lei do Departamento do Tesouro dos EUA, concordou, dizendo ainda que qualquer empresário deveria evitar trabalhar com "qualquer um com uma ligação em potencial com a criminalidade" simplesmente por questão de ética.


https://br.noticias.yahoo.com/especial-ivanka-trump-e-o-brasileiro-fugitivo-panamá-143120034--sector.html


 

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