Mayana Neiva diz que faz 'uma prostituta do Brasil profundo' em 'O outro lado do paraíso'

04/02/2018

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Atriz Mayana Neiva está no ar na novela 'O outro lado do paraíso' - Raquel Cunha / Divulgação/TV Globo

POR O GLOBO 04/02/2018 4:30


RIO — Em 2007, na sua estreia na TV, Mayana Neiva passou máquina zero na cabeça para interpretar a Onça Caetana na microssérie “A Pedra do Reino”. Corta para 2018, no bordel de uma cidadezinha do Tocantins. Sem que ninguém pedisse, a atriz engordou quatro quilos para viver a prostituta Leandra na primeira fase de "O outro lado do paraíso".


— Eu não sei viver as coisas pela metade. Quando fiz “A Pedra do Reino”, poderia ter usado uma peruca para parecer careca.


Mas achamos melhor assim. Lembro que fui fazer uma princesa na série e, minutos antes de entrar em cena, o Luiz Fernando raspou minha cabeça — conta a atriz, que também interpretou uma nobre neste seu primeiro trabalho na TV.



Em 2003, Mayana Neiva coroada Miss Paraíba - Arquivo


Aos 34 anos, a atriz se habituou aos mergulhos profundos, seja em personagens ou em experiências fora da zona de conforto. Descobriu o interesse pela profissão ainda adolescente, quando fez aulas de interpretação nos Estados Unidos, durante um intercâmbio estudantil. Ex-miss Paraíba (nascida em Campina Grande), mudou-se para São Paulo aos 19 e fez parte do grupo teatral de Antunes Filho.


Após “A Pedra do Reino”, engatou uma sequência de personagens na TV Globo até 2013, quando resolveu mudar de novo. Foi morar em Nova York, onde estudou e trabalhou por quatro anos. Nos dois últimos, ganhou o mundo. Protagonizou em 2016 uma produção americana, o curta “Idee fixe”, de Andrew Bell, rodado entre os Estados Unidos e Inglaterra.


Pouco antes, esteve em cartaz numa montagem de “Cowboy mouth”, de Sam Shepard e Patti Smith, em Nova York, e gravou, na Argentina, o telefilme “Encerrados”. A atriz também gravou em 2016 o piloto da série policial “Desterro”, de Mariana Thomé, inspirado nas lendas de bruxaria narradas pelo escritor catarinense Franklin Cascaes (1908-1983).


Naquele ano, passou 40 dias no Uruguai gravando a segunda temporada da série “O hipnotizador”, já exibida pela HBO. Na sequência, esteve na sua Paraíba natal, na região de São João do Cariri, onde rodou o filme “Beiço de estrada”, de Eliézer Rolim, inédito nos cinemas. E já tem um futuro trabalho engatilhado no teatro com o grupo do qual faz parte em Nova York.


— Fui para os Estados Unidos porque queria me experimentar em outros lugares, buscar um recomeço. Fiz parte de um grupo de pesquisa e estudo com outros atores e diretores — conta a atriz, que estava afastada das novelas brasileiras desde “Sangue bom” (2013).


Praticante de retiros espirituais, Mayana encontrou tempo, entre um trabalho e outro, e passou 25 dias em silêncio num desses recantos, na Inglaterra, no ano passado.


— Estudo para ser professora de uma prática budista.


PRECONCEITO VELADO



A estreia de Mayana Neiva na série 'A pedra do reino' - Divulgação/TV Globo


A dedicação não a livrou de enfrentar preconceitos, até mesmo pelo simples fato de ser paraibana.


— Já escutei: “Nossa, você fala inglês e espanhol tão bem, nem parece ser nordestina”. A pessoa acha que está fazendo um elogio. Alguns, quando querem se referir a alguém de forma pejorativa, dizem que fizeram “paraibada” ou “baianada”. Falam isso sem pensar.


A atriz é feminista e celebra os tempos atuais, em que “vivemos um grande levante das mulheres no mundo”, ela diz.


— O preconceito acontece de maneira tácita. A equiparação salarial entre homens e mulheres, por exemplo, é um dos assuntos que devem ser mais discutidos. Muitas vezes, a mulher representa papéis que são dados a ela pela sociedade, como o de mãe, ou de esposa, e age conforme o que esperam dela.


Em 2017, decidiu voltar à TV e emplacou o papel em “O outro lado de paraíso” e logo se jogou “na vida” para acompanhar a rotina de mulheres como Leandra.


— Ela não é uma mulher da Avenida Atlântica, é uma prostituta do Brasil profundo. Quis retratar um pouco do que vi, histórias de arrepiar, mulheres se prostituindo por R$ 15 ou R$ 20 para comprar pedra de crack — exemplifica Mayana. — Voltei ao meu peso para a segunda fase, quando ela está menos ingênua. Eu a vejo como uma sobrevivente. Diretor artístico da novela, Mauro Mendonça Filho diz que Mayana tem “a áurea da heroína aliada com um visual exótico”:


— Ela é sofisticada. Uma atriz de muitos recursos, com uma gama de possibilidades para vários tipos de papéis. Pode fazer da mais paupérrima prostituta a uma grande dama da sociedade. Na novela, vive uma prostituta com um certo grau de tristeza e de humor de forma bem consistente.



Mayana Neiva em cena com Glória Pires em 'O outro lado do paraíso' - Divulgação/TV Globo


A atriz diz que fazer uma personagem tão distante dela é “como se jogar num abismo”.


— Cada trabalho é uma travessia. Você precisa ter fé cênica.


Em março, ela será vista num outro papel. Viverá a delegada Carolina Ramalho na série “Rotas do ódio”, que estreia no Canal Universal e já tem a segunda temporada confirmada.


— A série fala sobre crimes de ódio, temos que tratar desse tipo de assunto. Nosso elenco é composto por várias pessoas transexuais. Numa das tramas, uma trans é violentada até perder um rim.


https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/mayana-neiva-diz-que-faz-uma-prostituta-do-brasil-profundo-em-outro-lado-do-paraiso-22362300


 


 


 

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