23/08/2017
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Monalysa, que mal começou a comemorar o título de mulher mais bonita do Brasil, já precisa lidar com a intolerância racial.
23/08/2017 15:38 -03 | Atualizado Há 7 horas Caio Silva Ativista gay
Monalysa Alcântara é a terceira Miss Brasil negra.
Nem bem cessaram os fogos, as festas e as comemorações pela conquista do título de mulher mais bonita do Brasil, por parte da piauiense Monalysa Alcântara, e aquele estado já sorri e chora, tudo ao mesmo tempo.
Monalysa é alta, belíssima, mas não demoraram a surgir os que queiram fazê-la pagar um alto preço por também ser negra, usar cabelo black-power, ter um um discurso de empoderamento negro-feminino e, diante de tudo isso, ter sido eleita a Miss Brasil 2017.
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Monalysa, que mal começou a comemorar o título de mulher mais bonita do Brasil, já precisa lidar com a intolerância racial por parte de algumas pessoas Brasil afora. E, pasme, por parte também de alguns de seus conterrâneos.
A polemizadora advogada piauiense Rubenita Lessa, nos jurados do concurso, e também em Monalysa, só enxerga a cor negra, um suposto "marxismo cultural", o cabelo e, portanto, a inaptidão da Miss para o posto alcançado, segundo suas "regras".
O Piauí sangra com ataques como este, isso é claro, mas o astigmatismo político e humanitário de Rubenita Lessa e seus pouquíssimos seguidores - que é sim, violento - também é a prova cabal da beleza incomensurável de mulheres e pessoas como Monalysa.
É a prova irrefutável de que eles, os racistas, machistas, LGBTfóbicos e xenófobos estão sozinhos e acuados. É a prova inquestionável de que, por não conseguirem mais escravizar, humilhar e invisibilizar as minorias sem reprovação, dão o tapa e se escondem atrás da alcunha de vítimas do "politicamente correto" e da falta de "liberdade de expressão" para discriminarem o outro.
Por este episódio lamentável, Rubenita Lessa foi prontamente repreendida pela OAB-PI, por alguns de seus seguidores e pelo restante da população piauiense. Antes mesmo deste episódio, a população já havia lhe dito "NÃO, aqui não!", durante as eleições municipais de 2016. Na ocasião, a advogada foi derrotada sumariamente na corrida por uma vaga na Câmara Municipal de Teresina.
A campanha dela foi alicerçada em discursos de ódio, preconceito e combate às lutas por direitos humanos. Em um estado com a história do Piauí, ela ouviu um sonoro "NÃO".
Enquanto o Piauí sorri e chora, ao mesmo tempo, Rubenita só chora, e Monalysa sorri. Imaginemos o turbilhão de emoções quando Monalysa Alcântara estiver diante de todo o mundo, representando a beleza brasileira, a beleza negra e das minorias? Imaginemos e torçamos pela vitória, que agora não é mais apenas de Monalysa ou do Piauí, mas também do Brasil, oxalá do mundo. Rubenita só chora, mas é o choro dos desesperados.
Graças a Monalysa, toda mulher negra, de cabelo black-power e feminista agora sabe que também tem uma chance.
O choro é livre. E a alegria, também. Mas a intolerância e o ódio? Jamais!
*Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do HuffPost Brasil e não representa ideias ou opiniões do veículo. Mundialmente, o HuffPost oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.