Vencedora do Miss Brasil quer usar título como arma contra o racismo

30/08/2017

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Monalysa Alcântara ainda fala sobre os preparativos para o Miss Universo

R7 Meu Estilo     Andrezza Pugliesi, do R7    30/08/2017 - 00h11 (Atualizado em 30/08/2017 - 10h15)

Uma semana após vencer o Miss Brasil BE Emotion, Monalysa Alcântara ainda não conseguiu assimilar que foi eleita a mulher mais bonita do País. Ela é a primeira piauiense e a terceira mulher negra da história a receber o título do concurso — Deise Nunes, em 1986, e Raissa Santana, no ano passado, completam a lista.

Ao receber a coroa, a estudante de administração de empresas foi às lágrimas ao ver que a sociedade “passou a dar mais espaço para as mulheres com cabelos cacheados”.

— Foi emocionante e indescritível. Eu realmente sonhei com aquilo e foi o momento mais feliz da minha vida, eu não tenho nem palavras para descrever o sentimento. Acredito que estão enxergando a mulher negra como ela sempre deve ser vista: que tem sua beleza, personalidade e luta. Por muito tempo fomos marginalizadas e vistas como feias e solitárias, mas hoje isso está mudando.

Após a vitória na competição, Monalysa foi vítima de comentários preconceituosos na internet. De acordo com o CPB (Código Penal Brasileiro), o crime de injúria racial, pelo qual se ofende a dignidade ou o decoro de uma pessoa com base em elementos de raça, cor ou etnia, rende pena de reclusão de um a três anos, além de multa. A Miss pretende usar o destaque que ganhou na mídia para apoiar causas ligadas ao combate contra a discriminação.

— Já tinha sofrido antes [ataques racistas] e aprendi a não me deixar abalar e enxergar que somos todos iguais. A primeira vez foi chocante, mas superei porque sei que isso não é honesto e nem humano. Eu lamento que isso aconteceu, mas realmente eu já esperava. Tanta coisa boa acontecendo na minha vida, nenhum desses ataques vai me tirar dessa paz e felicidade. Estou fazendo história não só no Brasil, mas no meu Piauí. E todos esses ataques mostram que o racismo existe e eu estou aqui para lutar e dar voz contra ele.

O caminho profissional trilhado por ela não foi fácil. Além deste concurso, ela carrega na bagagem os títulos de Miss Teen Piauí e vice Miss Teen Brasil (ambos em 2016). Certa de que alçará voos mais altos, a piauiense está confiante para disputar o Miss Universo.

— Sempre acreditei no meu potencial, mesmo muitas vezes o mundo dizendo o contrário. Eu vou lutar, vou me preparar e vou representar muito bem meu País. Estou disposta e determinada.

Monalysa é muito mais do que seus 57 kg, 1,77 m de altura, 69 cm de cintura, 95 cm de quadril e 87 cm de busto. Ela espera servir de espelho para as mulheres “acreditarem mais em si e buscarem seus sonhos”.

— Quero ser exemplo e mostrar que realmente não devemos nos deixar contaminar com a energia ruim, preconceituosa e mesquinha. Infelizmente o racismo existe, sim, ele não é velado, e precisamos combater. Todo esse ataque que eu sofri, por exemplo, só prova que essa luta deve e merece ser reconhecida e falada: não só por mim, mas por todo o Brasil. Quando sabemos quem somos de verdade, os obstáculos são mais fáceis de serem superados. Posso inspirar outras pessoas a não abaixar a cabeça e a entender que o racismo é um erro.


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