13/09/2011
postado por Cleidiana Ramos @ 2:52 PM 13 de setembro de 2011
Leila Lopes é a seguda africana negra a ganhar o Miss Universo. Foto: EFE | Sebastião Moreira
Animada com a eleição de Leila Lopes, a primeira angolana a ganhar o Miss Universo, fui em busca de outras informações sobre vitória de negras no mais tradicional concurso de beleza do mundo. A fonte não poderia ser outra: o jornalista Roberto Macedo, o maior especialista brasileiro no assunto.
O conhecimento e a memória de Roberto sobre o tema são impressionantes. Então vamos lá: Leila, a nova Miss Universo, é a segunda africana negra a ficar com a coroa.
A primeira negra a ganhar o concurso foi Janelle Commissiong, de Trinidad e Tobago em 1977. Curioso é que ela passou a coroa em 1978 para Margaret Gardiner, da África do Sul. Sabe o que aconteceu, segundo Roberto? Margaret, loira, em pleno regime do apertheid em seu país, não beijou Janelle, negra, sua antecessora.
Em 1992 Michelle McLean da Namíbia ganhou a coroa de mulher mais bela do universo, mas ela também é branca.
Aí veio Mpule Kwelagobe de Botsuana, em 1999, a primeira africana negra a ganhar o concurso.
Em 2007, a japoensa Riyo Mori venceu o concurso. Para Roberto Macedo, eleições como a de Leila e Riyo são importantes para mostrar que o mais tradicional concurso de beleza já está se abrindo para a diversidade, sem fixar-se no padrão de beleza europeu, ou seja, o que considera belas apenas as mulheres brancas. Já é um começo.
Outras negras que ganharam o concurso são Chelsea Smith, Miss Estados Unidos, em 1995 e Wendy Fitzwilliam, que venceu a edição de 1998 e também é de Trinidad e Tobago.
Em relação ao Brasil, Vera Couto,em 1964, carioca, foi a primeira negra brasileira a participar de um concurso internacional (Miss Beleza Internacional) e ficou em terceiro lugar. Segundo Roberto Macedo, a miss lhe contou que quando estava na Disneylândia viu uma criança negra e foi brincar com ela. A mãe da criança lhe deu uma descompostura dizendo que ela deveria se envergonhar de estar concorrendo em um concurso voltado para brancas. Vera, inclusive, chegou a ser capa da prestigiosa revista americana Ebony, que é direcionada para negros.
Uma baiana também fez história: Vera Guerreiro. Em 1969, a Miss Bahia foi a segunda negra em um concurso nacional de beleza. Vera, que era ginecologista, faleceu em 2006.
E, para finalizar, já perguntaram à nova Miss Universo sobre racismo. A resposta da moça foi a seguinte:
“Os racistas, sim, devem procurar ajuda, porque não é normal uma pessoa pensar assim no século 21. Qualquer tipo de preconceito não tem fundamento”. Além disso, Leila Lopes pretende se dedicar a campanhas de prevenção à contaminação por HIV.
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